Resenha | A Terra Inteira e o Céu Infinito, de Ruth Ozeki

Posted by Samuel Cassemiro on 5/12/2014 in , , ,

Autor: Ruth Ozeki
Titulo Original: A Tale of Being Time
Editora: Selo Casa da Palavra (Editora LeYa)
Paginas: 416
ISBN: 9788577344413


Sinopse: O que acontece quando um diário perdida encontra o leitor certo? Numa remota ilha do Canadá, a escritora Ruth cata mariscos com o marido na praia quando se depara com um saco plástico coberto de cracas que envolve uma lancheira da Hello Kitty. Dentro, encontra um livro de Marcel ProustEm Busca do Tempo Perdido, e se surpreende ao descobrir que o miolo, na verdade, é o diário de uma menina japonesa, Nao. A sacola misteriosa, segundo os rumores dos habitantes, é mais um dos destroços do último tsunami que devastou o Japão e foi levado pelas correntezas até a ilha.
Desde então, Ruth é tragada pela história do diário de Nao, uma menina que, para escapar de uma realidade de sofrimento – de bullying dos colegas e de um pai desempregado e suicida –, resolve passar seus últimos dias lendo as cartas do bisavô, um falecido piloto camicase da Segunda Guerra Mundial, e contando sobre a vida da avó, uma monja budista de 104 anos.
O que Ruth não esperava era que o diário iria levá-la a uma viagem onde ela e Nao podem finalmente se encontrar fora do tempo e do espaço.



Se você já leu A Vida de Pi de Yann Martel - que não gostei muito - deve ter uma ideia do que o espera lendo esse livro. Mas diferente da alegoria sobre eu menino e um tigre num bote em alto mar. Temos Naoki Yasutani, seu pai e sua mãe sofrendo uma história que milhares de outras pessoas já sofreram durante a Crise Econômica nos EUA. Nao Yasutani tinha uma vida incrível em Sunnyvaley, na California. Seu pai era trabalha no Vale do Silício, onde as grandes empresas da tecnologia brotaram.

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Ela tinha amigos, uma boa vida ao melhor estilo "sonho americano", e então tudo é lhe tirado as pressas. O pai que tinha todo seu dinheiro em ações, perdeu tudo. Nao foi atirada pro outro lado do Pacifico numa província de Tókio, num apartamento de dois cômodos. E tudo só piora, na escola sofre bullying por ser uma "estrangeira" e seu pai se vê mentindo e apostando em busca de algum dinheiro, até que tenta se matar...

Eu nunca fui um grande apreciador da cultura japonesa no sentido de buscar saber mais sobre ela. Eu simplesmente via o que mais me agrava, seja alguns filmes-animes ou coisas dos gênero. Em "A Terra inteira e o céu infinito" foi como um balde de água fria. Não é um AY (Jovem Adulto), há momentos que me senti incomodo por estar lendo um livro assim. Veja bem, o livro é divido entre capitulo do diário de Nao e Ruth tentando descobrir sobre a vida de Nao. Sendo os capítulos do diário em primeira pessoas e os da Ruth em terceira.

O livro todo trata da cultura japonesa como algo duro e inflexível como nós (leigos) sabemos por cima. A justificativa de Nao para começar a escrever um diário, é que ela quer se matar, mas antes quer deixar algo, algo que vai tocar outra pessoa. Sendo assim, ela decide escrever sobre sua bisavó Jiko de 104 que é um monja. Toda carga filosófica fica sobre a bisavó de Nao que buscar as coisas que todos os adolescentes buscam no abismo dos "16 anos".

 "Aqui vai uma idea: se eu fosse cristã, você seria meu Deus.[...] Bom, não acho que você seja Deus de verdade nem espero que realize meus desejos ou algo do gênero. Só gosto fato de poder falar contigo e você estar disposto a ouvir." - Naoki Yasutani.

 Assim como você deve ter notado, o autor se coloca não só coloca um narrador pessoal, como também ele mesmo na história. É recurso não usual mais que quando funciona fica incrível. Infelizmente não foi o caso com esse livro. Grande parte do tempo, Ruth é a nossa representação do faríamos se encontrássemos o diário de Naoki. Como buscar informações sobre a menina, buscar pistas no diário pra saber se ela está vida. Geralmente isso se torna um recurso barato e acabar quebrando o clima de algo "pessoal e real" como um diário deve ser. 

Muitas vezes, por essas ações desnecessária na tentativa de fazer o diário mais crível, isso acaba fazendo a participação da Ruth extremamente inútil no lvro. Do tipo, se você tirar alguns capítulos da Ruth, não fazer NENHUMA falta.

Mas, esse ponto não tira o brilho do livro. É divertido, é muitas vezes emocionante é até mesmo impático, Naoki é uma vitima do tempo, todo nós somos seres tempo. Desda da folha morte de outono até a caneta que um dia você já tentou iniciar um diário.

 "Um ser tempo é alguém que existe no tempo, e isso quer dizer você, e eu, e todos nós que estamos aqui, ou já estivemos, ou que um dia estarão" - Jiko.

É um história simples, sobre uma menina outsider buscando seu lugar inexistente na sociedade. O livro é cheio de termos japoneses, que poderiam ter tido suas notas incorporada melhor ao texto. Há vários truques, mas fora isso a tradução não foi muito ruim. Contudo, o conteúdo cultural que ele traz é algo interessante e divertido, os costumes modernos que se mesclam que costumes milenares são de tamanho espanto. 

Em inglês A Tale of the Being Time; Um conto de um Ser-Tempo, faz sentido para o que nos é apresentado durante a história. Que é encruzada, entre o passado da Jiko, o "presente e passado" da Naoki, e presente da Ruth, que muitas vezes quase se tocam. 

Embora, meu amor para "A Terra inteira e o Céu Infinito" seja eterno. O titulo, é bem menos literal em relação ao enredo. Mas foi um tiro pro ar que a Editora LeYa acertou em cheio.

Confira o book trailer:


PS. Estou testando esse novo formato mais organizado de resenha, espero que tenham gostado!

Bom!



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